segunda-feira, 23 de agosto de 2010

UFFS debate sustentabilidade

JORNAL BOA VISTA

Construir cidades mais saudáveis e sustentáveis capazes de garantir melhor qualidade de vida. Esse foi o enfoque principal do debate realizado na sexta-feira, 20, na Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Erechim. Participaram alunos dos cursos de Agronomia; Arquitetura e Urbanismo; Engenharia Ambiental e Energias Renováveis, além de professores e técnicos da instituição. Para expor sobre o assunto, esteve presente Miguel Sattler, engenheiro civil, agrônomo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Sattler mostrou a necessidade de priorizar alternativas locais em vários setores. Disse, por exemplo, que gastamos muita energia com transporte. Citou o caso de Porto Alegre, onde 58% de toda energia é consumida no setor de transportes. Já nos Estados Unidos, a distância percorrida pelos produtos entre a sua produção e o seu consumo em geral oscila entre 2.500 Km e 4.000 Km. Diante disso, enfatizou que “a solução sustentável não está em produzir mais energia, mas em racionalizar o seu uso.” O professor apontou também que a lógica consumista vigente é totalmente insustentável. “Se todas as pessoas do mundo consumissem tanto quanto a população dos Estados Unidos, seriam necessários mais cinco planetas Terra para dar conta das demandas”.

Falando de construções, Sattler defendeu a importância de optar por formas que são milenares e que garantem conforto térmico, economia energética, funcionalidade, preservação do meio ambiente e baixo custo. Segundo ele, “sustentabilidade consiste em viver dentro da capacidade de suporte do planeta e desenvolvimento saudável é aquele que leva para a sustentabilidade.” Depois acrescentou: “Um planeta saudável exige seres humanos saudáveis no aspecto físico, mental, emocional e espiritual”.

O professor da UFFS, Dilermando da Silveira, debatedor na mesa redonda, afirmou que nunca se destruiu tanto a natureza como agora que mais se insiste em preservá-la. Destacando esse paradoxo que vivemos, também problematizou a idéia de sustentabilidade e argumentou que quando se fala de crise ambiental, o que ocorre, na verdade é uma crise do que nós pensamos sobre o ambiente. Citando o economista mexicano Enrique Leff, disse que estamos atravessando uma crise de civilização e que precisamos superar a racionalidade colonial que vê a natureza como uma simples mercadoria. Dilermando defendeu a gestão comunitária dos recursos e dos espaços.

Os alunos consideraram as análises, os questionamentos dos participantes e os debates muito produtivos. Elis Frantz, 18, do curso de Arquitetura e Urbanismo relatou que “a palestra oportunizou uma ampla reflexão do que nós, enquanto futuros profissionais, poderemos contribuir para a qualidade de vida da população de Erechim e região”. Cleomar Sachini, 30, do curso de Agronomia considera esses momentos extremamente importantes. Eles “agregam conhecimento e expandem nosso entendimento. Além disso, nos motivam a conhecer e pesquisar outros autores que são citados durante as falas”.

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