JORNAL BOA VISTA
O Rio Tigre situado em Erechim serve como ‘depósito’ de esgotos não tratados. De quem é a culpa? Se todos fizessem a sua parte e as ações fossem intensificadas, tudo seria diferente.
Em função da realidade chocante do Rio Tigre, que mais parece um depósito de lixo a céu aberto o Jornal Boa Vista buscou informações e opiniões sobre o que fazer para reverter esta situação calamitosa e vergonhosa
Secretaria do Meio Ambiente
Secretário Francisco PintoO secretário do Meio Ambiente, Francisco Luiz Pinto, relata vários fatos que desencadearam esta problemática: “O Rio Tigre lamentavelmente está servindo para receber esgotos. É um fato, uma verdade, que muito antes de assumir a secretaria já se sabia. Por conta disso, o governo empreendeu os esforços para que efetivamente se tenha a instalação de redes de esgotamento sanitária e tratamentos de esgoto. De maneira técnica, isso se resolve fazendo os chamados interceptores, que vão correr ao longo do rio. Tudo o que chega próximo do rio terá que ser conectado aos interceptores e evita as ligações que trazem esgoto”. No decorrer da entrevista a temática do lixo foi pautada pelo secretário: “A questão do lixo vai muito além da conscientização do cidadão erechinense. É evidente que num momento oportuno o próprio governo tem interesse em fazer uma grande limpeza do rio, mas para isso temos que contar com a colaboração da população. Existem fatos que tenho acompanhando, em função da força do ofício. Durante a madrugada ou depois do horário de trabalho, são muitas as pessoas que descarregam seu lixo dentro dos córregos de rios. É uma prática incorreta, é crime ambiental, mas lamentavelmente acontece. Não conseguimos trabalhar 24hs e ter um controle de tudo o que acontece. A secretaria elaborou calendários que possuem várias instruções relacionadas ao lixo. Não temos interesse em enaltecer o nosso nome, mas sim, dar longa vida a um instrumento de informação. Enquanto o cidadão não se conscientizar em fazer a separação correta do lixo e a disponibilização para coleta, o problema não vai ser resolvido. Tudo o que chega ao rio é jogado em via pública, em bocas de lobo e acaba sendo conduzido ao rio”.
A questão das sacolas plásticas foi um dos assuntos abordados, por ser encontrada em grande quantidade no Rio Tigre. Francisco relata: “Quanto à sacola plástica, nós não só estamos pensando num projeto, mas já estamos escrevendo. Isso vai ter que ser conduzido para se configurar uma lei municipal. A sacola plástica se bem utilizada, sem exageros, simplesmente para acomodar resíduos sólidos, até que é conveniente. O uso desordenado é que leva ao exagero. O grande vilão ainda não é a sacola, não que ela seja adequada, mas vai chegar ao ponto da sua extinção ou o uso biodegradável. Tudo é sistêmico, complexo e acarreta custos. Temos que construir a solução para que as pessoas e as entidades envolvidas também tenham vontade de ajudar. Não depende só da secretaria, a maior dificuldade sempre gira no mundo orçamentário, não é uma queixa, afinal, o governo como um todo tem várias prioridades a serem cumpridas. Vai ser um trabalho lento, mas a comunidade pode esperar novidades. Temos que intensificar as ações ambientais em nível de escola, a maior multiplicadora de informações e de conscientização. Educação ambiental na base escolar é importante. Pessoas de mais idade dificilmente mudam seus hábitos, nós temos que ter a esperança sobre as crianças”, finaliza
ONG Elo Verde
Lidiane Bernardi (acadêmica de Gestão Ambiental),
Marcio Freschi (biólogo) e
Quéli Giaretta (gerente de projetos)
De acordo com a equipe da ONG Elo Verde e a gerente de projetos de revitalização dos rios de Erechim, que tem apoio do Ministério Público, Rosane Peluso, há muito a se fazer em relação ao lixo. Rosane destaca: “O Rio Tigre nasce no meio da cidade e é um dos maiores problemas de acumulo de resíduos. A água que chega às residências é limpa e passa por um processo de tratamento, mas volta para os rios suja. Cada enxurrada acumula lixo nas bocas de lobo. Tudo aquilo que a água carrega polui. A olho nu no Rio Tigre observa-se o lixo e a água turva. O volume de lixo é tanto que a água perde o oxigênio. O necessário é uma infra-estrutura para o tratamento da água depois do uso. Assim, os dejetos e a água in-natura voltam para os rios de forma não prejudicial. Sabe-se que a problemática do tratamento dos esgotos não é apenas um assunto debatido em nossa região, mas em muitos outros locais. Porém, a cidade está crescendo e o lixo também. Um assunto complexo, que depende do cidadão, de uma coleta melhorada, sendo que cada um é responsável pela separação do seu próprio lixo. É algo que deve ser aprendido e compreendido, por parte da população e também dos órgãos municipais. O conjunto deve ser melhorado e aperfeiçoado, desde o fato de não jogar lixo no chão. A Elo Verde que já trabalha com muitos projetos integrados, assim como o de revitalização dos rios de Erechim, busca provocar o cidadão a criar consciência crítica. Construir uma nova realidade e estimular as práticas sustentáveis”.
Voluntária e Acadêmica da Elo Verde
Lidiane Bernardi é voluntária e acadêmica do curso de Gestão Ambiental da Uergs. Lidiane está desenvolvendo um projeto integrado: “É uma oficina temática, para todos os públicos, que estará aberta a comunidade em geral. A apresentação será realizada por meio de slides, dinâmicas, entre outros. Esta oficina que tem como tema principal a separação do lixo doméstico. O objetivo é estimular e provocar a comunidade de maneira informativa. As oficinas serão realizadas em diversos locais, que em breve, estarão sendo divulgados os dias e os locais para que todos possam participar”.
Comitê de Águas
LenilsonLenison Maroso, presidente do Comitê de Águas de Erechim, fala da situação do Rio Tigre: “Em nível de comitê se estabelece as leis e cabe a prefeitura, secretaria do meio ambiente, entre outros, executar. Porém, em Erechim a falta de preservação das águas e o destino incorreto do lixo é uma questão cultural. A população não preserva os mananciais hídricos, sendo que muitas pessoas estão situadas em cima de nascentes. A conseqüência evidente é que cada vez mais vão sendo adicionados produtos químicos na água. A mesma, que já não possui uma qualidade favorável, também se torna escassa. Há poucos dias presenciei uma cena, numa região próxima ao Rio Tigre. Um coletor de lixo tentava organizar em seu carinho mais uma sacola de resíduos, porém a mesma só caia. Por muitas vezes ele tentou colocá-la no carrinho, mas não deu certo, então, o mesmo arremessou a sacola dentro do rio”.
O Rio Tigre situado em Erechim serve como ‘depósito’ de esgotos não tratados. De quem é a culpa? Se todos fizessem a sua parte e as ações fossem intensificadas, tudo seria diferente.
Em função da realidade chocante do Rio Tigre, que mais parece um depósito de lixo a céu aberto o Jornal Boa Vista buscou informações e opiniões sobre o que fazer para reverter esta situação calamitosa e vergonhosa
Secretaria do Meio Ambiente
Secretário Francisco PintoO secretário do Meio Ambiente, Francisco Luiz Pinto, relata vários fatos que desencadearam esta problemática: “O Rio Tigre lamentavelmente está servindo para receber esgotos. É um fato, uma verdade, que muito antes de assumir a secretaria já se sabia. Por conta disso, o governo empreendeu os esforços para que efetivamente se tenha a instalação de redes de esgotamento sanitária e tratamentos de esgoto. De maneira técnica, isso se resolve fazendo os chamados interceptores, que vão correr ao longo do rio. Tudo o que chega próximo do rio terá que ser conectado aos interceptores e evita as ligações que trazem esgoto”. No decorrer da entrevista a temática do lixo foi pautada pelo secretário: “A questão do lixo vai muito além da conscientização do cidadão erechinense. É evidente que num momento oportuno o próprio governo tem interesse em fazer uma grande limpeza do rio, mas para isso temos que contar com a colaboração da população. Existem fatos que tenho acompanhando, em função da força do ofício. Durante a madrugada ou depois do horário de trabalho, são muitas as pessoas que descarregam seu lixo dentro dos córregos de rios. É uma prática incorreta, é crime ambiental, mas lamentavelmente acontece. Não conseguimos trabalhar 24hs e ter um controle de tudo o que acontece. A secretaria elaborou calendários que possuem várias instruções relacionadas ao lixo. Não temos interesse em enaltecer o nosso nome, mas sim, dar longa vida a um instrumento de informação. Enquanto o cidadão não se conscientizar em fazer a separação correta do lixo e a disponibilização para coleta, o problema não vai ser resolvido. Tudo o que chega ao rio é jogado em via pública, em bocas de lobo e acaba sendo conduzido ao rio”.
A questão das sacolas plásticas foi um dos assuntos abordados, por ser encontrada em grande quantidade no Rio Tigre. Francisco relata: “Quanto à sacola plástica, nós não só estamos pensando num projeto, mas já estamos escrevendo. Isso vai ter que ser conduzido para se configurar uma lei municipal. A sacola plástica se bem utilizada, sem exageros, simplesmente para acomodar resíduos sólidos, até que é conveniente. O uso desordenado é que leva ao exagero. O grande vilão ainda não é a sacola, não que ela seja adequada, mas vai chegar ao ponto da sua extinção ou o uso biodegradável. Tudo é sistêmico, complexo e acarreta custos. Temos que construir a solução para que as pessoas e as entidades envolvidas também tenham vontade de ajudar. Não depende só da secretaria, a maior dificuldade sempre gira no mundo orçamentário, não é uma queixa, afinal, o governo como um todo tem várias prioridades a serem cumpridas. Vai ser um trabalho lento, mas a comunidade pode esperar novidades. Temos que intensificar as ações ambientais em nível de escola, a maior multiplicadora de informações e de conscientização. Educação ambiental na base escolar é importante. Pessoas de mais idade dificilmente mudam seus hábitos, nós temos que ter a esperança sobre as crianças”, finaliza
ONG Elo Verde
Lidiane Bernardi (acadêmica de Gestão Ambiental),
Marcio Freschi (biólogo) e
Quéli Giaretta (gerente de projetos)
De acordo com a equipe da ONG Elo Verde e a gerente de projetos de revitalização dos rios de Erechim, que tem apoio do Ministério Público, Rosane Peluso, há muito a se fazer em relação ao lixo. Rosane destaca: “O Rio Tigre nasce no meio da cidade e é um dos maiores problemas de acumulo de resíduos. A água que chega às residências é limpa e passa por um processo de tratamento, mas volta para os rios suja. Cada enxurrada acumula lixo nas bocas de lobo. Tudo aquilo que a água carrega polui. A olho nu no Rio Tigre observa-se o lixo e a água turva. O volume de lixo é tanto que a água perde o oxigênio. O necessário é uma infra-estrutura para o tratamento da água depois do uso. Assim, os dejetos e a água in-natura voltam para os rios de forma não prejudicial. Sabe-se que a problemática do tratamento dos esgotos não é apenas um assunto debatido em nossa região, mas em muitos outros locais. Porém, a cidade está crescendo e o lixo também. Um assunto complexo, que depende do cidadão, de uma coleta melhorada, sendo que cada um é responsável pela separação do seu próprio lixo. É algo que deve ser aprendido e compreendido, por parte da população e também dos órgãos municipais. O conjunto deve ser melhorado e aperfeiçoado, desde o fato de não jogar lixo no chão. A Elo Verde que já trabalha com muitos projetos integrados, assim como o de revitalização dos rios de Erechim, busca provocar o cidadão a criar consciência crítica. Construir uma nova realidade e estimular as práticas sustentáveis”.
Voluntária e Acadêmica da Elo Verde
Lidiane Bernardi é voluntária e acadêmica do curso de Gestão Ambiental da Uergs. Lidiane está desenvolvendo um projeto integrado: “É uma oficina temática, para todos os públicos, que estará aberta a comunidade em geral. A apresentação será realizada por meio de slides, dinâmicas, entre outros. Esta oficina que tem como tema principal a separação do lixo doméstico. O objetivo é estimular e provocar a comunidade de maneira informativa. As oficinas serão realizadas em diversos locais, que em breve, estarão sendo divulgados os dias e os locais para que todos possam participar”.
Comitê de Águas
LenilsonLenison Maroso, presidente do Comitê de Águas de Erechim, fala da situação do Rio Tigre: “Em nível de comitê se estabelece as leis e cabe a prefeitura, secretaria do meio ambiente, entre outros, executar. Porém, em Erechim a falta de preservação das águas e o destino incorreto do lixo é uma questão cultural. A população não preserva os mananciais hídricos, sendo que muitas pessoas estão situadas em cima de nascentes. A conseqüência evidente é que cada vez mais vão sendo adicionados produtos químicos na água. A mesma, que já não possui uma qualidade favorável, também se torna escassa. Há poucos dias presenciei uma cena, numa região próxima ao Rio Tigre. Um coletor de lixo tentava organizar em seu carinho mais uma sacola de resíduos, porém a mesma só caia. Por muitas vezes ele tentou colocá-la no carrinho, mas não deu certo, então, o mesmo arremessou a sacola dentro do rio”.
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